O português Alfredo Almeida, recém-nomeado diretor das categorias de base do Flamengo, teve sua apresentação marcada por uma polêmica envolvendo declarações sobre o perfil de jogadores de diferentes continentes. A repercussão negativa forçou o dirigente a se retratar oficialmente ainda na segunda-feira (14), poucas horas após a entrevista concedida no Ninho do Urubu.
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Durante a coletiva, Almeida respondeu a um questionamento relacionado às recentes críticas feitas por José Boto, diretor de futebol do clube, sobre a tentativa de replicar o modelo europeu na formação de atletas brasileiros. A partir disso, ele destacou que o futebol nacional ainda preserva uma essência única, associada a criatividade e improviso, mas acabou generalizando ao citar outras regiões do mundo.
“O que o atleta brasileiro tem, provavelmente, não há em mais nenhuma parte do mundo. Tem a ver com o dom, a magia, a irreverência, a relação com a bola”, afirmou. Na sequência, buscou ilustrar as diferenças, apontando a África como referência em “valências físicas” e a Europa em “parte mental”.
A fala gerou reações imediatas, sobretudo por atrelar características físicas e cognitivas a grupos geográficos específicos, o que foi interpretado por muitos como uma visão estereotipada. Com isso, a assessoria do Flamengo divulgou nota oficial em nome de Almeida na tentativa de amenizar a situação.
“Um trecho específico da minha fala, isolado do contexto geral, acabou gerando interpretações que em nada refletem meu pensamento. Por isso, peço desculpas se a forma como me expressei causou qualquer desconforto. Não houve, em momento algum, a menor intenção de soar discriminatório”, esclareceu.
O dirigente ainda reforçou sua visão mais abrangente sobre o futebol global, buscando reparar o impacto de sua declaração inicial. “Tenho total consciência de que há atletas com grande capacidade tática no futebol africano, assim como existem jogadores europeus com enorme talento criativo e brasileiros com impressionante força física. As características dos jogadores não se limitam à sua origem geográfica”, completou.
A controvérsia ocorre num momento em que o clube passa por mudanças estruturais no departamento de base, após a saída de Carlos Noval. Alfredo Almeida, que chegou ao Brasil no início de 2025 como auxiliar direto de José Boto, foi promovido e assumiu o comando do setor com a missão de renovar os métodos de formação de jovens atletas.