O projeto do estádio próprio do Flamengo voltou ao centro das discussões internas do clube após declarações incisivas do ex-presidente Rodolfo Landim. Em entrevista ao “Penido’s Podcast”, exibido na segunda-feira (04), o dirigente acusou a atual gestão, liderada por Luiz Eduardo Baptista (Bap), de negligenciar e até sabotar o planejamento de construção da arena no terreno do Gasômetro, na zona portuária do Rio de Janeiro.
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As divergências em relação ao tema, aliás, já haviam sido determinantes na eleição mais recente para a presidência do clube. Landim, que foi contrário à candidatura de Bap, afirmou que a falta de avanços na iniciativa foi um dos motivos centrais para sua oposição. Para ele, o atual comando do Flamengo estaria agindo deliberadamente contra a proposta: “Eu tenho absoluta certeza que a atual diretoria do Flamengo não tem interesse em acelerar o processo, nem de fazer o estádio. Nenhum. Não é só procrastinação, é matar o projeto, o que eu acho que é pior”.

O ex-mandatário ressaltou ainda que existe um “risco enorme” de o terreno adquirido pelo clube retornar à posse da Caixa Econômica Federal. O local foi comprado à vista pela antiga gestão, mas a demora em apresentar um plano viável pode comprometer a continuidade da posse. Segundo Landim, a Prefeitura do Rio de Janeiro é quem ainda sustenta institucionalmente o projeto. “Basta o prefeito dizer o seguinte: ‘olha, cansei’. Se você não seguir adiante, o prefeito não vai levar a lei para aprovação. […] Você vai ter que ir lá e negociar com a Caixa para levantar o dinheiro e devolver o terreno”.
Apesar das críticas, há movimentações recentes da Prefeitura que indicam alguma disposição em colaborar. O prefeito Eduardo Paes enviou ofício assumindo a retirada do gasoduto presente no terreno, uma das etapas essenciais para o início das obras. Contudo, Landim condiciona o envio do projeto de lei à Câmara Municipal a uma demonstração clara de interesse por parte do clube.
Enquanto isso, a projeção financeira do estádio também sofre alterações. Durante a gestão anterior, o custo estimado era de R$ 1,9 bilhão. Entretanto, análises atualizadas sob o comando de Bap indicam que a obra pode atingir o valor de R$ 3 bilhões, o que eleva as discussões sobre o impacto orçamentário para o clube.
A disputa em torno da arena expõe não apenas divergências administrativas, mas um embate direto entre duas lideranças influentes na política rubro-negra. De um lado, Landim cobra fidelidade a um projeto que foi bandeira de sua gestão. De outro, Bap e seus aliados enfrentam desafios estruturais e financeiros que dificultam avanços concretos.
Em meio às críticas, Landim resumiu seu temor em relação ao futuro do projeto: “Eu acho que tem um risco enorme [de o terreno do Gasômetro voltar à Caixa Econômica]. Só não aconteceu porque o prefeito é paciente”.