O atacante Bruno Henrique, ídolo do Flamengo, enfrenta um momento delicado fora dos gramados. O jogador é réu em processo que apura suspeita de manipulação de apostas esportivas, relacionado a um cartão amarelo recebido no Campeonato Brasileiro de 2023. A defesa tentou, em diversas instâncias, anular os atos da investigação, mas desistiu do recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) dias antes de um julgamento crucial.
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O recurso visava transferir o caso da Justiça do Distrito Federal para a Justiça Federal, sob o argumento de incompetência da primeira para conduzir o processo. Caso fosse aceito, todos os atos processuais até aqui poderiam ser invalidados. Entretanto, após decisão negativa em habeas corpus e a marcação de julgamento na Quinta Turma do STJ, os advogados recuaram e apresentaram petição de desistência, homologada em poucas horas.
O Ministério Público do Distrito Federal denunciou Bruno Henrique em junho, apontando que ele teria avisado o irmão, Wander Nunes Pinto, que receberia um cartão amarelo em duelo contra o Santos, em novembro de 2023, no Mané Garrincha. A partir dessa informação, familiares e amigos do jogador teriam realizado apostas que chamaram atenção de casas do setor pelo volume envolvido.
As investigações começaram em agosto de 2024 e levaram a uma operação da Polícia Federal em novembro do mesmo ano, quando foram realizadas buscas e apreensões. Conversas extraídas do celular de Wander embasaram o indiciamento do atacante e de outros envolvidos em abril de 2025. Bruno Henrique, no entanto, nega qualquer participação em esquema de manipulação de resultados.
Entre os indiciados, um dos suspeitos, Douglas Ribeiro Pina Barcelos, firmou acordo com o Ministério Público. Ele admitiu que sabia com antecedência que o atacante seria advertido e, em troca, aceitou prestar serviços comunitários e pagar multa de R$ 2.322,13.
Na esfera esportiva, o caso também repercute. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) marcou para quarta-feira (04 de setembro), às 9 horas (horário de Brasília), o julgamento do atacante. Ele foi denunciado com base em artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que preveem suspensão de 360 a 720 dias e multas de até R$ 100 mil.
Em nota, a defesa de Bruno Henrique contestou as acusações. “Absurda a alegação de que tomar um cartão nesse lance, em que sequer falta houve, tinha como objetivo influenciar no resultado da partida. Ou que seja do campeonato que estava em disputa”.
Apesar do processo, Bruno Henrique segue em campo pelo Flamengo, sustentado pela presunção de inocência. Nas últimas partidas, o camisa 27 atuou normalmente e marcou gols decisivos. Ainda assim, a diretoria do clube acompanha de perto o desdobramento jurídico e esportivo do caso.
