Bruno Henrique, do Flamengo, é suspenso e multado pelo STJD

Bruno Henrique na final da Copa do Brasil (Foto: Marcelo Cortes/Flamengo)

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) tomou uma decisão de grande impacto nesta quinta-feira (04 de setembro), envolvendo o atacante Bruno Henrique, do Flamengo. Após mais de sete horas de julgamento no Rio de Janeiro, a 1ª Comissão Disciplinar determinou a suspensão de 12 partidas e multa de R$ 60 mil ao jogador, acusado de manipulação ligada a apostas esportivas.

O episódio remonta à partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023, quando Bruno Henrique recebeu um cartão amarelo no Mané Garrincha, em Brasília. Segundo a investigação da Polícia Federal, o lance teria sido forçado para beneficiar apostadores, entre eles o irmão do atleta, Wander Pinto Júnior. Relatórios da International Betting Integrity Association (IBIA) e dados da Sportradar também apontaram movimentações anormais nas casas de apostas em torno do cartão.

A defesa, liderada pelos advogados Michel Assef Filho e Alexandre Vitorino, argumentou pela absolvição. Eles sustentaram que a Procuradoria extrapolou prazos e que o lance não teve impacto esportivo. O Flamengo, em posicionamento oficial ao Tribunal, declarou que “não teve prejuízo esportivo em decorrência do cartão amarelo recebido pelo atleta Bruno Henrique nos momentos finais da mencionada partida”.

Durante o julgamento, Bruno Henrique participou por videoconferência e fez uma breve manifestação.

“Boa tarde, presidente. Boa tarde a todos. Gostaria de reafirmar minha inocência e dizer que confio na Justiça Desportiva. Jamais cometi as infrações que estou sendo acusado. Meus advogados estão aí e vão falar por mim durante a defesa do processo. Faço questão de mostrar meu respeito e minha total confiança no Tribunal e desejo um excelente julgamento a todos. Que tudo transcorra de forma leve e justa. Uma boa tarde a todos”, afirmou o atacante.

A Procuradoria, entretanto, apresentou mensagens de WhatsApp trocadas entre Bruno Henrique e seu irmão, indicando conhecimento prévio do cartão. Além disso, destacou que 98% das apostas naquele jogo se concentraram no camisa 27, muitas delas feitas em Belo Horizonte, cidade natal do jogador. Testemunhas como o delegado da PF Daniel Cola reforçaram o vínculo entre as informações e os movimentos suspeitos nas bets.

O caso também envolve outros nomes próximos ao atacante, como Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Douglas Barcelos. Ainda que citadas nos autos, a esposa e a prima de Bruno Henrique não foram formalmente denunciadas no tribunal desportivo.

Paralelamente à esfera esportiva, Bruno Henrique responde a processo criminal na 7ª Vara Criminal de Brasília, por fraude esportiva, com pena prevista de dois a seis anos de prisão. O inquérito foi instaurado em maio de 2025 após indícios coletados pela Polícia Federal, e a denúncia foi aceita em julho.

A decisão do STJD ainda cabe recurso ao Pleno, última instância da esfera desportiva. Tanto a defesa quanto a Procuradoria podem recorrer, e a equipe jurídica do Flamengo já anunciou que pedirá efeito suspensivo para permitir a utilização do jogador enquanto o processo tramita.