A discussão sobre a implementação do fair play financeiro no futebol brasileiro ganhou espaço nos últimos anos, mas segue cercada por interpretações equivocadas e dúvidas sobre impactos práticos. O mecanismo costuma ser lembrado em debates sobre equilíbrio competitivo e saúde financeira dos clubes. Entretanto, ainda há questionamentos recorrentes sobre como ele funcionaria em competições nacionais e quais distorções poderia coibir.
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Em entrevista à ESPN, o presidente do Confiança, Pedro Dantas, defendeu a adoção rápida do fair play financeiro e citou o Flamengo como exemplo ao tratar de diferenças orçamentárias. Segundo ele, a distância entre folhas salariais evidencia a necessidade de regras para conter desequilíbrios. Na fala, Dantas mencionou números e relacionou o tema a competitividade e títulos recentes.
“O fair play financeiro, a gente vai precisar. Porque, se não, a distância dos times vai ficar muito grande. Vamos botar um time como o Flamengo, hoje, que tem uma folha de R$ 40 milhões ao mês. E tem time na Série A que tem uma folha de R$ 5 milhões ao mês. A diferença é muito grande”, disse.
Na prática, o fair play financeiro busca evitar que clubes gastem acima do que arrecadam, prevenindo problemas de inadimplência e insolvência que ainda são comuns. Não se trata de intervir diretamente no tamanho das folhas. Ainda assim, Dantas vinculou o tema à concorrência no topo da tabela e citou exemplos ingleses como referência de disputa.
“Daqui a pouco, vai acabar a concorrência. Há quatro, cinco times que estão há uma década brigando por títulos. E os outros só estão jogando. Isso é ruim. Quando você vai para uma Inglaterra, o Leicester um dia desses foi campeão. O Arsenal briga pelo título, o Liverpool briga, o City briga, o Chelsea briga”, afirmou.
Além do debate conceitual, o dirigente cobrou medidas para coibir o uso de jogadores em situação de pagamento pendente entre clubes. O Flamengo, por exemplo, negociou o volante Thiago Maia com o Internacional e, segundo as publicações, não recebeu o valor combinado, enquanto o atleta segue atuando pelo time gaúcho. Para Dantas, casos assim exigem intervenção.
“Então, a gente tem que estudar uma forma de ter um fair play financeiro, de ter uma igualdade entre os clubes. E também, como a gente discutiu muito lá na CBF, tem que se arrumar um jeito de um clube não poder ficar devendo a outro”, destacou.
“Se não tiver condições de pagar, devolve o atleta, desfaz a negociação. Mas não pode utilizar um atleta que pertence ao Confiança, está jogando no Flamengo, e o Flamengo não pagou ao Confiança. Então, o Confiança perdeu aquele jogador e está indo para o Flamengo, que não pagou ao Confiança”, disse.