Nos últimos anos, foram diversos os casos de jogadores que se envolveram em esquemas de manipulação, e acabaram punidos. Nesse cenário, o tema voltou ao foco com um julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva. O processo envolveu Bruno Henrique, atacante do Flamengo, e ganhou corpo a partir de investigações federais.
Notícias mais lidas:
Iniciada em novembro de 2024, a investigação da Polícia Federal contra Bruno Henrique motivou uma operação de busca e apreensão. Os investigadores extraíram conversas do celular de Wander, irmão do jogador, que embasaram indiciamentos. Bruno Henrique foi indiciado pela Polícia Federal em abril deste ano, após acusação de fraude esportiva.
Na última quinta-feira (4), o atacante foi condenado no STJD e pegou suspensão de 12 jogos, além de multa de R$ 60 mil. A decisão ainda cabe recurso. O julgamento da 1ª Comissão Disciplinar foi longo, começando às 9 horas (horário de Brasília) e se encerrando por volta de 17h20 (horário de Brasília), com pausas durante falas de procuradores, advogados e relatores.
Bruno Henrique foi julgado com base em dois artigos do CBJD. Ele foi absolvido no artigo 243 (atuar deliberadamente de modo prejudicial à equipe) e condenado no artigo 243-A (atuar de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado). Votaram pela punição os auditores Alcino Guedes, William Figueiredo e Carolina Ramos, além do presidente Marcelo Rocha.
O caso tem origem em jogo do Brasileirão de 2023, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, em que o Santos venceu o Flamengo por 2 a 1. O episódio ocorreu nos acréscimos do segundo tempo. Após falta em Soteldo, do Santos, o atacante recebeu cartão amarelo e, na sequência, foi expulso por reclamar de forma acintosa com o árbitro Rafael Klein.
Segundo a denúncia, o atacante teria informado ao irmão que, pendurado com dois cartões, tomaria um terceiro cartão amarelo no jogo contra o Santos. Apostas realizadas por Wander, a esposa do atleta, uma prima e amigos levantaram suspeitas das casas de apostas, que estranharam o volume focado no cartão do jogador.
A condenação gerou reação pública. O ex-jogador e comentarista Ronaldo Giovanelli acusou o tribunal de agir com “dois pesos e duas medidas” e de sofrer influência do peso da camisa do Flamengo. Ele comparou punições recentes para outros atletas e questionou a proporcionalidade da pena aplicada ao atacante rubro-negro.
“Dois pesos, duas medidas, a camisa pesou e pesou legal na caneta aí, porque a gente viu aí o que está acontecendo, as pessoas que foram punidas e da forma que elas foram punidas também, e agora só 12 jogos? Tem alguma coisa estranha aí”.
Em nova crítica, ele afirmou que o tribunal ficou intimidado diante do Rubro-Negro e que isso teria resultado em punição branda. A manifestação reforçou a acusação de favorecimento institucional ao clube no julgamento do caso.
“Para mim é a camisa que pesou, a camisa do Flamengo nesse tribunal ela está pesada, então eles ficaram com receio e deram uma punição branda”.