Banido do futebol após ser condenado no caso da “Máfia do Apito”, o ex-árbitro Edílson Pereira de Carvalho voltou ao debate sobre manipulação de resultados, ao comentar os casos de Bruno Henrique, do Flamengo, e Lucas Paquetá, do West Ham, que foram investigados e julgados por manipulação de apostas esportivas.
Notícias mais lidas:
O atacante do Flamengo recebeu suspensão de 12 partidas no calendário nacional, enquanto o meio-campista foi absolvido na Inglaterra. Em entrevista ao canal de YouTube do jornalista Duda Garbi, Edílson criticou a punição ao atacante rubro-negro e defendeu medida mais dura.
Ele afirmou que Bruno Henrique e Lucas Paquetá deveriam ser banidos do futebol. Além disso, pontuou que a suspensão do STJD se aplica apenas a jogos do Campeonato Brasileiro, deixando o jogador elegível para atuar na CONMEBOL Libertadores.
“O Bruno Henrique pegou só 12 jogos. Por que pegou 12 jogos? Porque nenhum, então? Já que é para ser punido, que puna criminalmente. Se ele foi punido é porque ele errou, ele ludibriou o torcedor do Flamengo. Para mim, teria que ser banido. Banido, e o Lucas Paquetá. Eu assisti os jogos, assisti o Lucas Paquetá querendo tomar cartão amarelo, a torto e direito, dando pontapé a todo lado e o árbitro não dava. Na mesma jogada, ele fez três faltas para cartão amarelo, brincando no Campeonato Inglês”, iniciou.
Edílson também citou um lance na Vila Belmiro, entre Santos e Flamengo,protagonizado por Bruno Henrique, e disse ter visto notícias sobre pedido do clube para “limpar a ficha” do atleta. Entretanto, ele considerou grave o suposto aviso do jogador a familiares e amigos sobre cartão amarelo. Na fala, o ex-árbitro voltou a comparar a situação com sua própria punição.
“Os dois deveriam ser banidos. Eu fui banido. Quando chegou a PF [Polícia Federal no caso da ‘Máfia do Apito’] eu sabia: ‘Acabou a minha carreira'”, relembrou.
Segundo as investigações promovidas pela Polícia Federal sobre a “Máfia do Apito”, Edílson e Paulo José Danelon interferiam em partidas para beneficiar apostadores. Conforme a apuração, os juízes recebiam R$ 10 mil por cada jogo manipulado, sob comando de um apostador identificado como Fayad. Ao menos 40 partidas se tornaram suspeitas em diferentes competições, incluindo Libertadores, Sul-Americana e campeonatos nacionais.
O caso gerou consequências esportivas distintas entre os torneios. Na época, apenas os jogos da primeira divisão do Brasileirão foram refeitos, porque outras competições já haviam terminado ou permaneciam sob tutela da Conmebol. Assim, a reestruturação do calendário se limitou ao principal campeonato nacional, após a descoberta do esquema que envolveu árbitros filiados às entidades locais e à FIFA.
De acordo com os relatos das fontes, a suspensão imposta pelo STJD a Bruno Henrique vale somente para partidas do Campeonato Brasileiro. Justamente por isso, ele está liberado para defender o Flamengo na sequência da CONMEBOL Libertadores, enquanto o debate sobre o rigor das sanções seguiu após a fala do ex-árbitro.