Flamengo: familiares de vítimas do incêndio no Ninho se revoltam com nova decisão da Justiça

Ninho do Urubu (Foto: Reprodução)

As famílias dos dez garotos mortos na tragédia do Ninho do Urubu reagiram à absolvição dos sete réus na 36ª Vara Criminal da Capital, no Rio. A decisão, em primeira instância, envolve o incêndio de 2019 nas categorias de base do Flamengo.

Na terça-feira (21 de outubro), o juiz Tiago Fernandes de Barros assinou a sentença. Ele apontou falta de provas suficientes e dificuldade para estabelecer nexo causal seguro entre condutas e o início do fogo. A perícia não definiu a origem de forma conclusiva. O Ministério Público do Rio de Janeiro informou que a Promotoria junto à 36ª Vara vai recorrer. O processo tramita desde janeiro de 2021.

Além disso, a Afavinu (Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu) divulgou nota de repúdio e vinculou a decisão ao risco de enfraquecimento de protocolos de segurança para menores em entidades esportivas.

“A absolvição dos acusados, sob o argumento de que não se conseguiu individualizar condutas técnicas ou provar nexo causal penalmente relevante, renova em nós o sentimento de impunidade e fragiliza o mecanismo de proteção à vida e à segurança dos menores em entidades esportivas, formativas ou assistenciais no país”.

O pai de Bernardo Pisetta, goleiro de 14 anos morto no incêndio, falou na manhã desta quarta-feira (22 de outubro). Ele afirmou que a família segue sofrendo e classificou a decisão como revoltante.

“É uma indignação muito grande, é um sentimento de impotência. A gente se sente um lixo. São os nossos filhos. E alguém tira a vida dos nossos filhos, e nada acontece. Isso não é justo. Não tem cabimento. Ficamos sem palavras. É revoltante”.

A mãe de Christian Esmério, Andreia Candido, também se pronunciou e disse ter passado a noite em claro, pensando na decisão, e disse que quer recorrer.

“Tenho a certeza de que a Justiça do Brasil é injusta. A gente, como familiar, sabia que era provável que isso fosse acontecer. Mas tinha fé de que a justiça dos homens seria feira”.