Flamengo vai comprar o Maracanã? Entenda a situação do leilão do estádio

Moisaco da torcida do Flamengo no Maracanã (Foto: Adriano Fontes/CRF)

O Flamengo monitora de perto a tramitação do projeto de lei que autoriza a venda do Complexo do Maracanã. A medida, em debate na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), faz parte de um pacote de alienação de 62 imóveis públicos que o Governo do Estado pretende colocar à venda.

A medida é vista como estratégia para reduzir a dívida estadual e permitir adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Entre os bens listados, estão o Estádio Jornalista Mário Filho (Maracanã), o Ginásio do Maracanãzinho, o Parque Aquático Júlio Delamare e o antigo Estádio de Atletismo Célio de Barros.

O valor estimado para o conjunto é de aproximadamente R$ 2 bilhões. O deputado Alexandre Knoploch (PL), relator do projeto, afirmou que a diretoria rubro-negra vê com bons olhos a possível aquisição definitiva do espaço.

Concessão atual e interesse do clube

Atualmente, Flamengo e Fluminense operam o estádio e o Maracanãzinho em regime de concessão até 2044. Já o Delamare e o Célio de Barros permanecem sob administração direta do Governo do Estado.

O parque aquático foi reformado recentemente, com obras nas piscinas ao custo de R$ 1,5 milhão, e abriga atividades esportivas e educativas.

O antigo estádio de atletismo está em reforma para dar lugar a um estacionamento, projeto que é alvo de investigação do Ministério Público Federal, devido ao tombamento histórico do complexo pelo Iphan.

Embora ainda não haja definição oficial sobre a venda, a proposta avançou com aprovação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj, na quarta-feira (22). O texto deve ser incluído na pauta do plenário nas próximas semanas, com possibilidade de emendas.

A autorização final para a comercialização de qualquer um dos imóveis dependerá do aval do governador Cláudio Castro.

Custos operacionais e justificativa do governo

O Executivo estadual defende a alienação com base no alto custo de manutenção do complexo. Segundo os dados apresentados, cada evento realizado no Maracanã gera uma despesa aproximada de R$ 1 milhão.

A administração alega que a venda seria uma forma de aliviar as finanças públicas e reduzir os encargos operacionais.

Além disso, a Aldeia Maracanã — imóvel localizado nas proximidades do estádio e atualmente ocupado por grupos indígenas — também foi incluída no projeto de lei, a pedido do presidente da CCJ, deputado Rodrigo Amorim (União Brasil).

Importância histórica e potencial econômico

Inaugurado para a Copa do Mundo de 1950, o Maracanã é um dos principais símbolos do futebol brasileiro e da cidade do Rio de Janeiro. De acordo com dados oficiais do setor de turismo, o estádio ocupa a quinta posição entre os pontos turísticos mais visitados por estrangeiros no Brasil.

Considerando sua relevância cultural e histórica, a possibilidade de venda desperta atenção de diferentes setores, inclusive entre especialistas em patrimônio e urbanismo, que questionam os impactos de uma eventual transferência definitiva do complexo à iniciativa privada.