O episódio ocorrido no último sábado (25 de outubro), na Arena Castelão, motivou uma manifestação pública do Flamengo em defesa da convivência pacífica nos estádios. Durante a partida contra o Fortaleza, válida pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro, torcedores rubro-negros foram retirados do setor reservado à torcida local após serem identificados pelas roupas escuras que vestiam. A ação de segurança gerou tumulto nas arquibancadas e foi registrada em vídeo, que circula nas redes sociais e mostra o momento em que os espectadores são conduzidos para fora do espaço.
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Conforme determinação do Ministério Público, a presença de torcedores visitantes em áreas destinadas exclusivamente à torcida mandante é proibida no Castelão. A recomendação, segundo o Fortaleza, havia sido reforçada previamente em suas redes sociais, com o objetivo de evitar confrontos e preservar a segurança. Ainda assim, o registro do caso levantou questionamentos sobre o tratamento dado aos espectadores que não exibiam comportamento provocativo.
A retirada dos torcedores aconteceu momentos antes do início do jogo. Eles foram escoltados por seguranças até o setor visitante, onde deveriam estar alocados, de acordo com as normas vigentes. Ao todo, 58.399 ingressos foram disponibilizados para o confronto, com o espaço destinado à torcida do Flamengo correspondendo a pouco mais de 16,5% da capacidade do estádio.
Diante do ocorrido, o Flamengo divulgou uma nota oficial na segunda-feira (27 de outubro), reafirmando seu compromisso com um ambiente de respeito e civilidade nos estádios. O clube carioca defendeu a ideia de um futebol mais inclusivo e criticou tanto a hostilidade nas arquibancadas quanto a diferença nos preços praticados para a torcida visitante.
“Uma torcedora do Fortaleza hostilizou e constrangeu dois espectadores que apenas vestiam camisas pretas — sem manifestações ou provocações — sob a acusação de que seriam rubro-negros. Ambos acabaram retirados do setor, em total desrespeito ao espírito esportivo”, destacou o Flamengo em seu comunicado.
Ainda na nota, o clube do Rio apontou disparidade nos valores cobrados aos visitantes. Enquanto os ingressos para a torcida do Fortaleza no Maracanã custaram R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), os rubro-negros pagaram, em média, R$ 231,95 para acompanhar o jogo no Castelão. Mesmo representando 24% do público, os torcedores do Flamengo foram responsáveis por mais de 70% da arrecadação de R$ 2,7 milhões.
“O Flamengo não aceita retrocessos e vai seguir defendendo Um Futebol Melhor, dentro e fora de campo”, concluiu o clube, reforçando sua política de convivência entre diferentes torcidas, como ocorre no Maracanã, onde setores mistos são destinados a torcedores de clubes distintos.
O episódio reacendeu o debate sobre a relação entre segurança, liberdade e hospitalidade nos estádios brasileiros, especialmente em jogos de grande porte. Afinal, a presença de diferentes camisas nas arquibancadas não deveria, por si só, representar risco à ordem pública.
Veja nota na íntegra
“O Clube de Regatas do Flamengo acredita em um futebol que emociona, une e inspira e que possa ser vivido com paixão e respeito, dentro e fora do campo. Por isso, reafirma seu compromisso com o fair play esportivo, com a civilidade nas arquibancadas e com o direito de todos os torcedores — do time da casa ou visitante — viverem o estádio como um espaço de entretenimento e convivência.
No Maracanã, o Flamengo recebe com respeito torcedores de todos os clubes. As zonas mistas, onde rubro-negros e visitantes assistem juntos às partidas, são prova de que é possível conviver em paz, com camisas diferentes e o mesmo amor pelo futebol. O Flamengo faz isso por convicção, e não por obrigação. Porque acredita que o futebol deve ser celebrado.
Infelizmente, o que se viu no Castelão, na partida entre Fortaleza e Flamengo, vai na contramão desse espírito.
A política de preços praticada para o setor visitante foi incompatível com o princípio da isonomia: enquanto os ingressos para o torcedor do Fortaleza custaram R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia) no Maracanã, o torcedor rubro-negro pagou, em média, R$ 231,95 no Castelão — valor que fez com que a torcida visitante, mesmo representando apenas 24% do público, fosse responsável por mais de 70% da arrecadação total de R$ 2,7 milhões.
Além disso, durante o jogo, um episódio lamentável mostrou o quanto ainda é preciso evoluir. Uma torcedora do Fortaleza hostilizou e constrangeu dois espectadores que apenas vestiam camisas pretas — sem manifestações ou provocações — sob a acusação de que seriam rubro-negros. Ambos acabaram retirados do setor, em total desrespeito ao espírito esportivo.
É preciso promover Um Futebol mais justo, acolhedor e civilizado.
O Flamengo não aceita retrocessos e vai seguir defendendo Um Futebol Melhor, dentro e fora de campo”.


















