A curta e conturbada passagem de Dudu pelo Cruzeiro, encerrada poucos meses após seu retorno ao clube, tornou-se símbolo de uma série de equívocos administrativos dentro da nova gestão da SAF comandada por Pedro Lourenço. Conforme opinião publicada pelo ge, o caso do atacante escancara uma sequência de decisões precipitadas, custos elevados e um resultado esportivo quase nulo.
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Contratação cara, retorno mínimo
Dudu foi anunciado com status de reforço de peso, respaldado pelas duas figuras mais influentes da gestão celeste: o próprio Pedro Lourenço e Alexandre Mattos. Ainda que os valores pagos ao Palmeiras tenham sido reduzidos na segunda tentativa de contratação, o custo do atleta foi considerado elevado desde o início.
Com salário estimado em R$ 1,8 milhão mensais e contrato assinado até o fim de 2027, o investimento global superaria R$ 70 milhões, mesmo sem bônus por desempenho. Entretanto, conforme analisado pelo jornalista Guilherme Macedo, a relação custo-benefício foi desastrosa. Dudu participou de apenas 17 partidas e marcou dois gols.
Segundo levantamento apresentado, o Cruzeiro desembolsou aproximadamente R$ 22,5 milhões até a rescisão, valor que representa, em média, R$ 1,3 milhão por jogo ou R$ 11 milhões por gol. “O jogador pode ser considerado o pior reforço em um ano da nova SAF”, escreveu Macedo.
Ambiente deteriorado
Além do impacto financeiro, a relação entre o atacante e o clube se deteriorou rapidamente. Após demonstrar insatisfação com a reserva em entrevistas e demonstrar comportamento que foi interpretado como insubordinação por dirigentes e membros da comissão técnica, o clima tornou-se insustentável.
O episódio mais marcante teria sido a entrevista concedida após o jogo contra o Palestino, na qual o jogador se queixou publicamente da decisão de ser retirado do time titular. Conforme o jornalista, isso apenas oficializou um desgaste que já se arrastava há semanas. O Cruzeiro, então, optou pela rescisão imediata, mesmo arcando com cerca de R$ 15 milhões adicionais em pagamentos até o fim do ano.
Ponto de vista do empresário
Em entrevista à CNN Brasil, o empresário André Cury se disse surpreendido com a decisão da diretoria cruzeirense. “Foi uma surpresa para mim também”, afirmou. Segundo ele, Dudu seguia treinando normalmente, mesmo sem estar no ápice físico por conta de uma lesão anterior.
A rescisão, portanto, não teria sido motivada por falta de empenho nos bastidores, mas sim por uma escolha estratégica do clube.
Cury também confirmou que há conversas avançadas com o Atlético-MG, embora tenha evitado dar a transferência como certa. “No futebol, antes de assinar, não tem nada feito”, declarou. A relação anterior entre Dudu e o técnico Cuca, com quem trabalhou no Palmeiras, pode pesar a favor do acerto com o rival mineiro.
Um erro de planejamento reconhecido
Mesmo que a diretoria do Cruzeiro classifique a rescisão como necessária para “virar a página”, o episódio é reconhecido internamente como o maior erro de gestão até agora sob a nova SAF. Afinal, o atacante foi contratado com status de protagonista e acabou deixando o clube antes mesmo de consolidar seu espaço no time.
O caso de Dudu se soma ao de outras contratações dispendiosas que pressionam a folha salarial celeste, estimada em R$ 25 milhões mensais. A saída do jogador, ainda que resolvida, não aliviou esse comprometimento financeiro de forma imediata.