
O Facebook bateu recordes de audiência durante a semana em jogos da Champions e Libertadores. Na Liga dos Campeões, conseguiu 1,1 milhão de estações ligadas no pico no jogo do PSG contra o Borussia. Na Libertadores, atingiu pico de 2,1 milhões com o Gre-Nal. No sábado, no jogo Flamengo x Portuguesa, a FlaTV teve quase 1 milhão de audiência de pico enquanto o site da Globo marcava em torno de 200 mil estações.
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Os dois movimentos mostram uma mudança no comportamento do público no consumo de eventos esportivos. As plataformas por streaming ganham força e os veículos tradicionais perdem a primazia, embora ainda sejam dominantes. Os dois fatos mostram realidades distintas.
No início de 2019, o Facebook teria suas primeiras transmissões pela Libertadores e houve problemas pela internet disponível. A Conmebol, com isso, orientou a rede a fazer um acordo om a Fox Sports para compartilhar jogos na América do Sul, sendo que não houve acerto para o Brasil. Esse acordo foi renovado para 2020, mas o Brasil continuou de fora.
Ora, o Facebook tem jogos exclusivos nas duas principais continentais e é isso que tem levado a picos de audiência e criado um costume do uso da plataforma. Antes do Gre-Nal, o São Paulo tinha levado em torno de 900 mil pessoas de pico na transmissão de sua estreia na Libertadores. Seus números têm sido superiores ao ano passado quando só atingiu 1 milhão com o jogo do Flamengo.
Do outro lado, as TVs por assinatura têm dificuldade de retenção de assinantes que caíram a 15,5 milhões em janeiro de 2020. Com isso, redes como a Fox Sports, Sportv e a Turner têm queda de público nos jogos da televisão. Ao mesmo tempo, isso afeta o número de assinantes do Pay-per-view para campeonatos nacionais, como o Brasileiro, Estaduais e a Copa do Brasil.
Explica-se: o maior número de assinantes do pacote, que remunera diretamente os clubes com 38% da receita, vem das TVs por assinatura. A Globo tem um produto de venda direta por streaming do ppv, porém, este ainda não engatou. Há inclusive discussões com os clubes sobre o valor da remuneração e custos.
No caso do jogo do Flamengo, o clube e a Globo chegaram a um acordo para dividir os direitos por conta da ausência de público por portões fechados causa do coronarívus. Pois bem, durante o jogo, a FlaTV marcou até 980 mil estações conectadas no jogo no momento de pico. Girou entre 700 mil e 800 mil pela maior parte do jogo. Enquanto isso, o Globo Esporte teve audiência em torno de 180 mil a 200 mil durante a partida. Ou seja, a torcida do clube preferiu assistir à partida no canal próprio, apesar da Globo já ter um know-how maior em transmissões.
É cedo para tirar conclusões por um jogo. Há uma sinalização pela transmissão de nicho, mas pode ter peso a questão da novidade já que era a primeira vez que a FlaTV passava o jogo do time.
Atualmente, o torcedor brasileiro ainda consome mais evento esportivo na TV por assinatura e na TV Aberta. Mas os números recentes mostram que isso tem mudado com a melhoria da internet e a migração de competições para plataformas só por streaming. Resta saber como isso vai impactar as futuras negociações de direitos dos principais campeonatos.
Créditos do texto: Blog do Rodrigo Mattos