Clubes aproveitam crise aérea e evitam aviões comerciais por pacotes fretados

Bruno Henrique durante o embarque do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Parece coisa de país e de clubes ricos – o que está longe de ser o caso -, mas o Brasileiro 2020, marcado pela pandemia e paralisação que forçou adiamento do início da competição em 98 dias, tem um predicado a mais: é também o campeonato dos voos fretados.

Pelo menos 12 times já usaram do expediente nesta Série A. Nos casos de Atlético-MG, Bragantino, Flamengo, Goiás, Palmeiras, Vasco e São Paulo, os clubes fecharam pacotes – o Galo e o Tricolor paulista têm negociado com as companhias aéreas em pequenos pacotes, mas os demais compraram com valor pré-determinado até o fim da Série A.

O fretamento de voos no futebol – e no esporte em geral – está longe de ser novidade. É comum que os clubes decidam realizar maior investimento em reta final de competições, para privilegiar a privacidade dos atletas, a recuperação física e também facilitar a logística.

Mas a excepcionalidade de 2020 levou a união de dois fatores e um complicador neste bolo: clubes necessitados de melhorar logística com jogos de três em três dias e isolar atletas de voos comerciais, com mais riscos de contaminação; companhias aéreas com frota ociosa em aeroportos e queda livre de demanda (em abril e maio, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas, a queda foi de mais de 90% em comparação com os mesmos meses de 2019).

O fator complicador? A crise das companhias aéreas diminuiu a oferta de malha aérea para capitais do país. Para viajar para Goiânia, o São Paulo teria que ir na sexta de tarde e voltaria na segunda à tarde. Neste período, perde recuperação de atletas, tempo para treino e gasta com alimentação, hospedagem e, eventualmente, aluguel de campo.

Para se ter ideia, voos domésticos levaram apenas 399 mil passageiros em abril deste ano. Em abril de 2019, foram mais de 7 milhões transportados pelo país

Todo ano, a CBF, através da empresa Pallas, fornece verba de logística, que contempla, normalmente, 33 pessoas – ou seja, 33 passagens. O pacote da CBF tem tabela de voos que passa pela patrocinadora Gol (com desconto). No entanto, os clubes sempre completam o restante para levar cerca de 40 pessoas em voos comerciais. Neste Brasileiro, algumas companhias aéreas, como a Azul, ofereceram pacotes econômicos.

O portal ‘Globo Esporte’ procurou a Azul, uma das empresas que ofereceu pacote para clubes, para falar dos valores. A companhia aérea não abre os preços, mas um valor que pode chegar a R$ 60 mil pode cair para quase a metade, dependendo do trajeto, é claro. Flamengo e Vasco, por exemplo, pagam R$ 17 mil no fretado para ir a São Paulo. E mais de R$ 100 mil para enfrentar um dos clubes nordestinos.

Retirado de: Globo Esporte