Diego Alves e Diego Ribas se despedem como símbolos da reconstrução do Flamengo

Diego Ribas concede entrevista coletiva no Ninho do Urubu (Foto: Marcelo Cortes/Flamengo)

“Roeram o osso para comer o filé”. Num clube de massa como o Flamengo, nada como um ditado popular para simbolizar as trajetórias de Diego Alves e Diego Ribas no Rubro-Negro. Remanescentes da revolução pelo qual a instituição passou, os experientes atletas se despedem hoje, às 16h, no Maracanã (RJ), contra o Avaí, na última rodada do Campeonato Brasileiro, deixando escritos seus nomes na história rubro-negra.

Ribas foi uma das primeiras contratações de maior impacto do Flamengo desde que o clube passou a “arrumar a casa”. O reforço era um sinal ao mercado de que novos tempos iriam vir pela frente. Ele chegou em 2016, após anos na Europa e com passagens mais marcantes por Atlético de Madrid, Porto, Juventus e Werder Bremen.

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Em seu desembarque, centenas de torcedores rubro-negros o receberam no aeroporto e fizeram uma grande festa para aquele que seria um dos principais líderes da equipe dos últimos anos. Nascia ali o “AeroFla”.
Seu início, porém, foi sem grandes conquistas e companheiros de peso. O “osso roído” durou dois anos, quando participou da “era do Cheirinho” e teve apenas o título do Campeonato Carioca, em 2017. O auge, porém, viria em 2019, no ano mágico em que foi multicampeão e teve papel fundamental no título da Libertadores, quando fez o lançamento para o gol da vitória marcado por Gabigol.

Com o passar do tempo, sua importância seguiu sendo grande, porém mais fora de campo do que dentro, exercendo uma grande liderança e servindo de exemplo os mais novos. No total até aqui são 288 jogos, com 178 vitórias, 64 empates, 46 derrotas e 44 gols marcados pelo Flamengo.

São quatro títulos Estaduais (2017, 2019, 2020 e 2021), uma Copa do Brasil (2022), duas Supercopas do Brasil (2020 e 2021), dois Campeonatos Brasileiros (2019 e 2020), uma Recopa Sul-Americana (2020) e duas Libertadores (2019 e 2022).

“Valeu a pena acreditar nos sonhos e ser incansável na busca deles. Chegou a hora de partir para um novo ciclo e buscar novos desafios! Obrigado de coração a todos que de alguma maneira fizeram parte dessa longa e encantadora caminhada!”.

Diego Alves, por sua vez, desembarcou na Gávea no ano seguinte ao do xará e chegou como solução para um setor em que o Rubro-Negro havia tido problemas em temporadas anteriores. Com passagem de destaque pelo Valencia, da Espanha, e até mesmo cotado para a Copa do Mundo de 2018, o goleiro se tornou um dos nomes a mostrar uma maior força do Fla no mercado.

Rapidamente, se tornou titular e o status permaneceu até a reta final da temporada seguinte. À época, o camisa 1 se recuperava de uma lesão quando houve uma mudança na comissão técnica e Dorival Júnior assumiu o comando do time. Recuperado, imaginou que voltaria à equipe, mas César foi mantido, o que quase culminou com sua saída.

Com a mudança na cúpula — Rodolfo Landim foi eleito no fim de 2018 — e a chegada de Abel Braga, o assunto foi resolvido. O goleiro permaneceu e retomou a titularidade, que não foi perdida com Jorge Jesus. Assim, foi um dos pilares dos importantes títulos de 2019.

A concorrência aumentou em 2020 quando, em meio a um surto de covid-19 no elenco rubro-negro, Hugo ganha oportunidade e cai nas graças da comissão técnica encabeçada por Domènec Torrent. Atormentado por lesões, o camisa 1 viu o jovem ganhar espaço, mas seguiu como primeira opção.

Neste ano, no entanto, seu papel mudaria. Na esteira da chegada de Paulo Sousa, Diego foi relegado ao banco pelo português e viu Hugo assumir a vaga. Para piorar, o Flamengo foi ao mercado e acertou com Santos, que ganhou a posição.

Recentemente, em entrevista ao podcast da Conmebol Libertadores, Diego Alves falou sobre o adeus e elogiou os companheiros.

“Chega o momento. Não somos eternos e temos o nosso prazo de validade no clube. Até mesmo o contrato chega, a idade chega. Eu fico muito feliz do Santos estar vivendo esse momento. Eu vivi esse momento jogando dentro do campo. E hoje ajudo da maneira que posso. Estamos aqui para ajudar o clube, o Flamengo, esse é o nosso propósito”, disse.

“Ninguém nunca atrapalhou, nunca fez nada para que o clube desse passo para trás e sempre passo na frente. Acho que foi um acerto muito grande o Santos poder fazer parte hoje do grupo. Fico feliz de verdade. É o presente e o futuro, tem ainda o Hugo, o Matheus. Estamos aqui para ajudar e fazer com que eles olhem para a gente e falem que podemos ser referência”, completou.

Elenco chama torcida

Durante a semana, o Flamengo divulgou em suas redes sociais diversos vídeos do elenco rubro-negro convocando a torcida para a despedida dos “Diegos” neste sábado.

“Fala, Nação! Estamos aqui reunidos para convocarmos vocês para o último jogo dos nossos amigos e ídolos Diego Alves e Diego Ribas, que estará acontecendo no sábado, contra o Avaí, e é isso aí. Dizer que foi uma honrar viver grandes momentos juntos deles, que são nossos ídolos. Vamos para cima! Sabadão estaremos todos juntos”, disse Rodinei.

Retirado de: UOL