Flamengo e Palmeiras dificultam a vida de quem quer jogar o Mundial

Taça do Mundial de Clubes da FIFA (Foto: Giuseppe Cacace/AFP)

Quais clubes disputarão o novo Mundial de Clubes da Fifa? Marcado para ser jogado de quatro em quatro anos – a partir de 2025 -, o torneio começou a ganhar forma hoje. A Fifa anunciou alguns critérios de classificação que, segundo o blog apurou, apanharam confederações continentais de surpresa.

A Conmebol, por exemplo, tem seis vagas no Mundial de Clubes. Em teoria, caberia a ela escolher como seriam distribuídas as seis vagas. Mas a Fifa já avisou: as seis vagas serão dadas aos quatro campeões da Libertadores entre 2021 e 2024. As duas remanescentes (ou mais, caso algum campeão se repita) serão definidas por um ranking. E este ranking não é o ranking anual da Conmebol, que leva em conta performance e histórico dos clubes. E, sim, um ranking que será formulado pela própria Fifa e que levará em conta somente critérios esportivos (não históricos) e do ciclo em questão (de 21 a 24).

A Fifa resolveu assumir a responsabilidade de estabelecer os critérios, em vez de deixar a cargo de cada confederação. Nesta quarta, em Kigali (Ruanda), o congresso técnico da Conmebol se reunirá para adotar um posicionamento – sobre o Super Mundial e também sobre o “mini Mundial”, o de todos os anos, que agora terá o campeão europeu disponível para apenas uma partida e que colocará o campeão sul-americano em pé de igualdade com os outros campeões continentais.

O Brasil é diretamente afetado pela decisão da Fifa, já que dificilmente terá mais de dois representantes no Super Mundial. Palmeiras, campeão da Libertadores-2021, e Flamengo, em 22, já estão lá. Só entra algum outro brasileiro se for campeão da Libertadores de 2023 ou 2024. Não pode haver mais de dois representantes por país, a não ser que tais representantes tenham vencido a competição continental. Ou seja, as duas (ou mais) vagas da Conmebol por ranking irão para times de outros países.

Neste momento, o ranking anual da Conmebol leva em conta história nos torneios da confederação e performance nos últimos 10 anos, o que deixa o River Plate na liderança, seguido por Palmeiras, Flamengo, Boca Juniors, Grêmio e Nacional. O tradicional clube uruguaio, que não tem chegado nem perto de fases decisivas da Libertadores há anos, poderia entrar no Mundial por ranking. Mas, como já escrevi acima, a Fifa é que definirá o critério esportivo e o recorte de tempo para o ranking que definirá os participantes do Mundial. Talvez a ideia seja, de fato, evitar que politicagens mundo afora levem ao torneio clubes que não merecem estar lá.

Se fizéssemos um trabalho hipotético de imaginar como teria sido um Mundial da Fifa com este formato em 2021, como ele teria ficado? Os campeões entre 2017 e 2020 foram Grêmio, River Plate, Flamengo e Palmeiras – sendo assim, o Brasil teria três representantes. Seriam duas vagas por ranking – uma provavelmente para o Boca Juniors, pelo menos semifinalista em três desta quatro edições citadas. E a outra sabe-se lá para quem, dependeria do critério escolhido pela Fifa para a formatação – mas teria de ser para um time de fora de Brasil e Argentina. Pela Europa, teriam entrado Real Madrid, Liverpool e Bayern de Munique, e as outras nove vagas seriam determinadas por ranking.

O que a decisão de hoje da Fifa faz é tirar do caminho a possibilidade de convidados estranhos estarem na festa. É unilateral, mas não é ruim. Não adianta querer estar no Mundial ganhando uma Sul-Americana ou uma Europa League da vida.

Palmeiras e Flamengo são naturalmente os representantes que o Brasil deveria ter mesmo. São os mais fortes dos últimos quatro anos e fizeram por merecer a vaga. River Plate e Boca Juniors acabarão sendo beneficiados naturalmente por não haver outro argentino que tenha condições reais de ser campeão continental. É bem provável, pois, que entrem por ranking, mesmo que não ganhem a atual ou a próxima Libertadores.

Outros brasileiros?

Bem, tradição e o alto poder de investimento em relação ao resto do continente trazem dois benefícios: muitas vagas na Libertadores e a chance de ganhá-la. O ônus, pensando em Mundial, é que não adianta “só” estar nela ou ir bem, como fizeram Atlético-MG e Athletico-PR. No caso dos clubes brasileiros, é preciso ser campeão da América para poder representar a América.

Retirado de: UOL