Lamine Yamal já coleciona feitos que muitos profissionais não conquistam em toda a carreira, aos 17 anos. Com atuações decisivas pelo Barcelona e pela seleção espanhola, o jovem atacante tem impressionado tanto por seu desempenho técnico quanto pela precocidade com que assumiu protagonismo em grandes palcos. Contudo, a rápida ascensão também levanta dúvidas, como a expressa por Juca Kfouri em sua recente coluna no UOL Esporte.
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Na análise do experiente colunista, há um alerta claro contra os excessos de expectativas depositadas sobre jovens promessas. “A vida é dura, os caminhos são traiçoeiros, muitas vezes o que parece não é”, escreve Kfouri, que cita o exemplo de Alexandre Pato para ilustrar como o brilho inicial pode não se sustentar com o tempo.
O texto não questiona o talento de Yamal, mas sim o ambiente de pressão ao qual ele está submetido, precocemente alçado ao posto de salvador de um dos maiores clubes do mundo.
A inquietação de Kfouri ganha ainda mais peso quando confrontada com os elogios públicos de grandes nomes do futebol. Bukayo Saka, atacante da seleção inglesa e do Arsenal, por exemplo, foi enfático ao comentar o desempenho do espanhol: “Nunca vi esse nível em alguém de 17 anos”.
A declaração foi dada em entrevista à Sky Sports e repercutiu amplamente, evidenciando o quanto o impacto de Yamal já ultrapassa fronteiras. Saka chegou a classificar o desempenho do jovem como “surreal” e “não normal”, termos que, embora elogiosos, também sinalizam o caráter fora da curva da trajetória que se desenha.
Yamal, aliás, tem respaldado os comentários com números expressivos. Na atual temporada europeia, soma 15 gols e 21 assistências. Foi peça fundamental na campanha do Barcelona em competições nacionais e continentais, contribuindo para títulos como a Supercopa da Espanha e a Copa do Rei. Paralelamente, também conquistou a Eurocopa com a seleção espanhola.
Mesmo com esses resultados, o camisa 27 do clube catalão ainda recebe um salário modesto em comparação aos grandes nomes do futebol. Estima-se que seus vencimentos mensais girem em torno de 160 mil euros — cerca de R$ 1,04 milhão — valor inferior ao de jogadores que atualmente estão em situação de reserva no futebol brasileiro, como Dudu e Gabigol.
Segundo reportagem publicada no InfoMoney, esse montante representa apenas um terço do que Gabigol recebe no Cruzeiro, o que levanta questionamentos sobre a valorização de atletas em início de carreira frente ao mercado.
Esse desequilíbrio financeiro, por vezes, é reflexo da juventude do jogador. O atual contrato de Yamal foi assinado em 2023, logo após sua promoção ao time principal. O vínculo vai até o meio de 2026, e a expectativa — ainda que Juca Kfouri alerte para os riscos de projeções — é de que o Barcelona formalize uma renovação condizente com sua importância esportiva e visibilidade.
Portanto, a pergunta lançada por Kfouri ecoa como um chamado à reflexão: o que será de Lamine Yamal? A história do futebol, afinal, está repleta de capítulos em que o talento precoce não encontrou sustentação diante das complexidades da vida profissional.