O Botafogo retomou as negociações por um jogador que atua no futebol russo poucos dias após encerrar as tratativas com Wendel, meio-campista do Zenit. No entanto, a escolha por Kaio Pantaleão, zagueiro do Krasnodar, não representa uma contradição no planejamento, conforme apontam os bastidores. Isso porque as condições geopolíticas que impediram a contratação anterior não se aplicam ao novo alvo.
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A desistência de Wendel foi justificada publicamente por questões relacionadas às sanções dos Estados Unidos contra a Rússia. O Zenit é controlado pela Gazprom, gigante estatal do setor energético, sancionada em nível elevado pela OFAC (Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros).
Como resultado, empresas com capital norte-americano, como o Botafogo — administrado por John Textor — estão proibidas de manter relações comerciais com o clube de São Petersburgo.
Krasnodar fora da lista de bloqueios
O mesmo impeditivo não se aplica ao Krasnodar. Segundo informações apuradas, nem o clube nem seu proprietário, o empresário Sergey Galitsky, constam na lista de sanções da OFAC. Fundado em 2008, o Krasnodar é financiado por Galitsky, que construiu fortuna com a rede de supermercados Magnit.
Dessa maneira, as negociações com a equipe russa ocorrem dentro das normas internacionais exigidas pelas autoridades norte-americanas.
Portanto, a operação envolvendo Kaio se tornou viável principalmente por não existir impedimento legal. Aliás, esse critério tem sido determinante nas decisões do departamento de futebol. Diferentemente do Zenit e do Dínamo Moscou — este último ligado ao VTB Bank, igualmente sancionado —, o Krasnodar opera livremente no mercado internacional, inclusive com entidades estadunidenses.
Questões financeiras também pesaram
Apesar de o clube ter reforçado publicamente o argumento das restrições internacionais como fator preponderante para desistir de Wendel, questões econômicas também influenciaram a ruptura. Conforme apurado, a operação envolvendo o meio-campista exigiria investimentos substancialmente superiores aos que o clube está disposto a arcar neste momento.
Assim sendo, a diretoria alvinegra viu em Kaio Pantaleão uma alternativa mais acessível. Além disso, o defensor já vinha sendo monitorado há três temporadas, o que fortalece o interesse e reduz o risco da investida.
Há otimismo interno quanto à viabilidade do acordo, especialmente diante da ausência de barreiras jurídicas e da boa vontade do clube russo em negociar.
Prioridade por posição e alinhamento com o planejamento
A tentativa de contratação de um zagueiro também está alinhada ao planejamento atual. Após encerrar as tratativas por Wendel, o clube deixou claro que não busca outro volante no momento. O foco da comissão técnica recai sobre reforços para a defesa, o meio-campo ofensivo e o setor de ponta-direita.
Portanto, a movimentação por Kaio atende tanto às demandas técnicas como às restrições legais. Enquanto o nome de Bitello, por exemplo, foi descartado por estar vinculado ao Dínamo Moscou — igualmente atingido por sanções internacionais —, Kaio se encaixa em todos os critérios estratégicos definidos pela diretoria e pela SAF, comandada por Textor.
Considerações finais
A investida por Kaio Pantaleão evidencia que o Botafogo tem buscado contornar obstáculos geopolíticos com prudência, sem abrir mão da competitividade. O clube se apoia em análises jurídicas e econômicas detalhadas para evitar riscos, ao mesmo tempo em que atua com agilidade na identificação de oportunidades viáveis.